Como as marcas podem se alinhar com o novo mindset dos seus consumidores para liderar essa transição
A emergência climática chegou. E agora?
Há décadas ouvimos que o aquecimento global estava em curso, e que um dia veríamos as consequências chegarem. E chegaram. As mudanças climáticas em curso nos catapultaram de um estado de negação para o estado de “precisamos fazer alguma coisa, e agora!”. O impacto dos eventos climáticos que temos presenciado, não só no Brasil mas ao redor do mundo, nos traz para a consciência do grande desafio, ambiental e social, inadiável que temos que resolver. Mas junto com o senso de urgência também chega o desconforto de nos sentirmos perdidos ou desmotivados, sem saber por onde começar ou como contribuir tanto individualmente como coletivamente, para reverter os danos.
Aqui, infelizmente, temos um tema que ilustra que evolução não significa progresso, porque algo ruim pode evoluir e se tornar ainda pior. E a questão climática evoluiu rapidamente e nos cobra grandes ações.
Não queremos retroceder como sociedade, nem no aspecto individual. Queremos continuar nos movendo, produzindo, estudando, consumindo, viajando. Mas de outra forma: precisamos de avanços reais e significativos.
Mudança de Mindset: Comportamento humano sustentável
Segundo a Dra. Jennifer Aaker e a Dra. Szu-chi Huang da Stanford Business School, sustentabilidade não se trata apenas de viagens aéreas, da saúde dos oceanos ou da redução de resíduos plásticos. Trata-se de repensar o nosso papel como seres humanos e líderes neste mundo em constante mudança e desenvolver uma mentalidade que conduza a hábitos positivos e crie relacionamentos fortes para nutrir o nosso planeta. Num mundo onde o sucesso é frequentemente considerado um ponto de chegada e não um novo degrau na realização de visões de longo prazo, esta mudança de mentalidade é fundamental para modificar a forma como estamos vivendo, e levar uma vida com mais significado.
Não queremos retroceder como sociedade, nem no aspecto individual. Queremos continuar nos movendo, produzindo, estudando, consumindo, viajando. Mas de outra forma: precisamos de avanços reais e significativos.
“Estamos todos preocupados, mais do que nunca, com questões como energia, sustentabilidade e consumo consciente. Buscamos entender como contribuir para reverter os danos e restabelecer um planeta mais saudável.”
Atendendo às aspirações dos consumidores
É aqui que as marcas podem entrar em ação, oferecendo possibilidade de fazer as mudanças necessárias e desejadas através de soluções inovadoras e sustentáveis.
Existe um espaço para as marcas se tornarem mais do que apenas vendedoras de produtos ou serviço e se colocarem à serviço da sociedade ao se posicionarem como facilitadoras de comportamentos sustentáveis, fomentando e ajudando a realizar as mudanças desejadas por seus consumidores.
Queremos ter mobilidade, mas não queremos poluir o planeta. Queremos ingerir bebidas mas não queremos mais plástico nos oceanos, nem microplásticos na comida. Queremos produzir, mas não queremos deixar pegadas da cadeia de produção. Queremos consumir produtos e serviços, mas não queremos consumir o planeta, que é a nossa casa.
Como as marcas podem encontrar soluções para esses problemas que estão na raiz da sociedade moderna?
A resposta não é fácil nem simples e começa ao deixarmos de cultuar a vitória de curto prazo associada ao alcance de uma meta, para focar nos benefícios de longo prazo associados à melhoria contínua, sustentada por comportamentos saudáveis.
| Com intenção autêntica, a marca pode assumir um compromisso de transformação junto com seus consumidores.
O redirecionamento para o compromisso de longo prazo, requer investimentos em inovação para criar soluções que atendam essa exigência, e alocação de recursos para tornar esse compromisso uma experiência real, passando longe do “greenwashing” e do “social washing”. Já existem algumas empresas, exemplos onde o compromisso foi assumido e as iniciativas são concretas:
A Natura nasceu com esse DNA e desde sempre se tornou referência por seu compromisso com a sustentabilidade e a biodiversidade. A empresa utiliza ingredientes naturais e biodegradáveis em seus produtos, muitos dos quais são provenientes da Amazônia brasileira. A Natura também investe em projetos de conservação ambiental e em programas de desenvolvimento social para as comunidades locais.
A Unilever estabeleceu a ambiciosa meta de tornar todas as suas embalagens reutilizáveis, recicláveis ou biodegradáveis até 2025. A empresa investe em pesquisa e desenvolvimento de materiais inovadores, como plástico reciclado e bioplástico, e em programas de coleta e reciclagem de embalagens. A marca Dove lançou embalagens feitas com 100% de plástico reciclado, enquanto a marca de shampoo Sunsilk introduziu garrafas biodegradáveis feitas com algas marinhas.
Esses exemplos nos mostram que é muito importante adotar uma visão holística da sustentabilidade, considerando o impacto ambiental e social de suas atividades em todas as etapas da cadeia de valor.
Quando não mudar deixa de ser uma opção
É bem provável que com a inovação venham questões profundas como adequação de modelo de negócios, novas parcerias, mudança de processos, realinhamento da cultura corporativa e decisões que promovam abandono de práticas que não são mais aceitáveis.
Certamente quem inovar e mudar, vai se destacar, por estar alinhado com anseios e desejos de seus clientes, ao facilitar e resolver questões que afligem todas as gerações, de Boomers a Alfa. Mas principalmente porque agora não é mais questão de querer, a questão é que precisamos estabelecer uma nova relação com a natureza e com o planeta. E, cada um e todos vão ter que fazer a sua parte.
| Organizações e suas marcas de fato encontram-se não diante da escolha de fazer, mas diante da certeza de que vão arcar com prejuízos se algo não for feito.
No final de 2023 uma gigante da indústria de alimentos e bebidas foi processada pelo estado de Nova York por suas práticas não sustentáveis. A procuradora-geral, Letitia James, argumenta que o plástico das embalagens dos produtos se acumulou no Rio Buffalo e está causando um dano à sociedade, ameaçando a saúde humana e a vida selvagem. Ainda afirma que a empresa enganou o público sobre a eficácia de seus esforços de reciclagem de plástico e deixou de alertar os consumidores sobre os riscos ambientais e de saúde das embalagens plásticas.Esse caso ilustra bem como empresas serão responsabilizadas por sua não ação.
As marcas estão diante da grande oportunidade de se colocarem do lado da sociedade desenvolvendo estratégias sustentáveis. Por certo, a implementação de mudanças vai requerer um esforço consistente de energia e recursos para ser bem sucedida mas, ao que parece, tornou-se a melhor opção disponível.
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Sobre
Sou uma profissional de comunicação, especializada em Inovação e Comportamento, com foco em suas aplicações no desenvolvimento de pessoas e negócios. Minha experiência de longos anos em construir marcas fortes assim como o relacionamentos duradouros dessas marcas com seus clientes, me trouxe um amplo conhecimento do comportamento do consumidor – o que mais tarde me levaria a aprofundar a compreensão das bases biológicas do comportamento humano.